sábado, 30 de novembro de 2013

Uma Pena na Escuridão

Ah! Eu me lembro, eu me lembro!
D'um certo dia, no meu casarão, numa certa hora então,
estava póstumo a escrever, um pássaro negro a porta me vem bater.
Eu olhei, eu olhei, e nada encontrei.
Mas bem no cantinho, escondido da luz do glacial inverno,
me ecoava o som de suas patinhas.
Eram pequeninas, tristes e avoadas.
Porém estrondosas e sábias suas patadas!

Era um pássaro negro que se escondia
ao canto do meu quarto, ali me temia.
Era na tediosa hora, do tedioso dia
Depois de muita escrita corrida
E os meus olhos querendo fechar,
que me encontro ali, magnífico,
com um pássaro na mão.
Tremera tanto o pequenino que nem sei
como voara até aquele canto de chão.

E no dia moribundo, pútrido que eu estava
Tomei o pequeno pássaro que ali na escrivaninha me acalentava
O coloquei do lado da vela para se aquecer
E permanecera ele quieto me vendo,
perguntando o que eu estava a fazer.
"Está curioso o senhor, pássaro?" - eu lhe disse.
E inclinava a cabeça d'um lado a outro e continuara a me observar.
E depois de tanto me incomodar,
tomei o meu braço a o coloquei sobre o papel que estava escrevendo.
"Saia daqui pássaro! Não sabe que nenhum poeta gosta de
que o vejam escrever?" - gritei com ele.

E lá ele permanecia, me olhando,
como se da minha cara estivesse gozando.
Era tarde de outr'ora e já estava ansioso pelo Sol
Ou pela bravada da aurora.
Mas nada me viera. Olhei meu relógio de madeira
E me faltavam algumas horas para matinar.
"Ora, ora" - Me tornei a pensar.
E ali voltava o maldito pássaro a me perturbar.
Pulava de um canto a outro da folha de papel
E me olhava firmemente, me fazendo de réu.

Obra de coisas ruins, obra dele
O pássaro negro que me sussurrava, bicho estranho àquele.
E nada me constava na mente, me fazia pensar
Num pensamento meu, tão somente
Mas lá ele permanecia firmemente! E sem uma palavra a dizer
Numa quietude que só quem tinha muito saber
Me olhava, ele e eu, me olhava.
E me comia com os olhos, só pode!
Nunca vi animal mais sagaz
Ou de olhares tão algaz!
Maldito pássaro! Nada mais!

E eu balançara o braço e ele voara
e foi para o canto escuro do quarto
E lá, de cisma ou outra, me aparto
Dum medo que me tomou tão rapidamente
Dou uns passos a esquerda, longe do canto
Próximo a vela para me deixar quente.
E os olhos dele me espreitavam.
Eu podia saber! Tinha certeza que me olhavam!
Maldito pássaro!

Foi então que vi, suas garras tão vis!
Voando bravamente, me apontou-as diretamente
E plainou, voou, sobrevoou a minha cabeça,
Riu da minha cara descaradamente
E ouvi, sim, eu sei que ouvi
Ele me falar assim:
"Maldito que é! Maldito que és!
Vou levar tua alma para qualquer sorte de convés
Ou para enterrar n'uma lareira
Ou jogar numa vala qualquer de rio à beira!"

De tão desesperado que fiquei
me ajoelhei no chão e rezei
Ao pássaro eu implorei
"Não me levas, não me levas!
Não sabes tu somente o pranto que tenho tido
Todas as noite tão solenemente!
E eu que aqui estou e lá está ela,
Tão longe me parece mais bela,
Não me levas, não me levas!
Pois ainda tenho de vê-la além do que me suportam as léguas!"
E de outr'ora se virou, o pássaro, e nada me falou
Apenas voou para o papel que eu escrevera
E se derreteu em tinta, espalhando-se em formato de caveira
Sobre o papel todo manchado, eu chorei.
Não minto, eu chorei.
Raiara o dia e dela, tão longe, me lembrei!
Maldito pássaro!

Por Ernst Eskelsen




sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Uma lembrança. Uma carta. Um jocker.





Crescemos praticamente juntos e, apesar de a história de sua vida ser resumida em tragédias, não havia motivos para optar por esse caminho. Em uma noite chuvosa qualquer de seus oito anos de idade o pai chegou bêbado em casa e assassinou sua mãe após tê-la espancado com uma garrafa quebrada e em seguida estuprou seu corpo ensanguentado numa tentativa insana de reanimá-la. De minha casa, que era a mais próxima da vizinhança, pude ouvi-lo gritar:
- Geme mulher! Não é disso que você gosta? Geme! Porque não está gemendo??
Quando a polícia chegou Daniels estava encolhido e imóvel debaixo da mesa observando a cena de seu pai bêbado desamidado ao lado de sua mãe ensanguentada, estuprada e morta. Lembro-me que aquilo foi assunto de meses para a cidade e o garoto ele por ir morar com a avó paterna que vivia na rua de cima.
Sua adolescência foi marcada por uma fase de rebeldia e vez ou outra eu ia até a casa de sua avó visitá-lo já que éramos colegas de escola, onde sempre o encontrava desenhando em seu quarto, paredes imersas em desenhos que lembravam naipes, todos muito complexos e meio abstratos.
Eu tinha muita pena de Daniels, ninguém escolhe pra si mesmo contemplar uma cena daquelas e meu coração. Foi numa tarde qualquer depois da escola que sua avó chegou eté mim e disse:
- O garoto não tem salvação! Já incorporou o espírito do pai. Maldito foi o dia em que pari aquela criança. Já não falo mais disso e rezo pra que Deus me leve embora antes que aconteça outra desgraça. Fique o mais distante possível dele, sua mente é perversa, maquiavélica, instável, furiosa!
Sem dizer uma palavra sequer, me retirei dali no exato momento.
Na saída, hesitei em olhar pra trás mas acabei por não me conter. Maldita curiosidade! É claro que ele ouviu o comentário de sua avó e seu olhar ameaçador agora me deixou com calafrios.
Sentia em cada arrepio de meu corpo o mal de dentro do coração daquele de Daniels.
Aquele instante não saiu de minha cabeça e o sono acabou por não me visitar aquela noite. Não era pra menos. As batidas de meu coração dispararam ao ouvir sirenes vindas da rua de trás no meio da noite. Me levantei no mesmo instante e desci até lá para saber o que ocorreu, desesperado perguntei a vizinhança o que aconteceu e dentre as diversas vozes que conversavam desesperadas ao mesmo tempo consegui ouvir:
- O garoto é um insano! Matou a própria avó exatamente da mesma forma que o pai matou a mãe! Completamente louco! A polícia deve encontrá-lo o mais rápido possível, é uma ameaça para todos nós!
Mantive-me paralisado por um instante até concluir que eu também era uma ameaça a ele. Meu Deus! Corri para casa o mais depressa que pude e ao chegar lá percebi que havia algo errado. Corri ao quarto de Catharine, minha irmã mais nova, e me deparei com a cena mais aterrorizante de minha vida, morta nos braços daquele maníaco de forma brutal, minha doce e inocente irmãzinha rasgada e ele apenas sorria, sorria como alguém que acaba de ouvir a melhor piada de sua vida, sorria. Soltei um berro em meu desespero.
- Nãããããããããão!!! Seu maldito!!! Porque fez isso?
No mesmo instante quebrei o vidro do espelho ao meu lado e com os cacos pulei em cima dele. Sentia minha pele rasgar e sentia e me sentia rasgando algo também. Ao cair minha ficha e o momento de desespero desenfreado ir embora me encontrei imobilizado. Havia muito sangue em minhas mãos e parte deste pertencia àquele monstro. Seu rosto estava completamente ensanguentado e suas bochechas rasgadas de um lado ao outro. Ele se olhava no espelho e sorria, apenas sorria. De repente lançou um olhar sobre mim e disse:
- Mas porque tão sério?
Se levantou e foi embora. Me encontrei em prantos e acolhi o corpo de Catherine numa esperança tola de que ela pudesse tornar a viver. Embaixo dela estava a lembrança, uma carta. Um jocker.


Por Bicalho, B.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Sobre pitangas




Todo mundo gosta de pitanga. Se alguém diz que não gosta é porque não provou, pois aprovo com toda certeza do mundo: Todo mundo gosta de pitanga. 
Entre o cinza da chuva e do fim da tarde, entre o verde da natureza lutando contra a estrada a partindo no meio, entre a pressa de chegar em casa e o tédio da viagem foi impossível não notar aquele vermelho, vivo e único. Eu tive que parar e juro que com chuva parece ainda mais saboroso arrancar uma do pé. Mas há um porém.
 Eu não gosto de pitanga.
 Certo, não é exatamente que eu não goste, eu só não como e não diria que é minha fruta favorita, sabe? O fato é que não é o tipo de coisa que me faria parar o carro e tomar chuva em uma estrada de Goiás.
 O segredo a respeito das pitangas é que eu não conseguiria pensar em mais ninguém além dela ao vê-las, mas mais especificamente no sorriso. Uau, que sorriso! Talvez eu nunca tenha expressado da maneira certa, mas eu adoro a maneira como ela sorri. Gosto de como move o corpo ao fazê-lo, como seus olhos brilham e como seu rosto cor de porcelana se tinge de coral quando nota o que eu a estou encarando. E encaro mesmo.
 Há algo sobre o sorriso dela que me tira o sossego, me tira o fôlego. É uma sensação de proteção, aquela risada, aquela alegria me contagia e me exibe um lado tão ingênuo e doce que se torna impossível acreditar que a portadora de algo tão lindo possa ter qualquer tipo de amargura na alma. Em contrapartida, também gera a vontade de proteger, proteger o sorriso dela, protege-la. Mantê-la a salvo em uma caixinha com toda ternura para que nunca deixe de sorrir, para que o mundo nunca tire dela esse riso que eu tanto amo.
 O fato é que quando ela sorri tudo parece escuro, ela ofusca a existência de qualquer mundo ao redor. Seu sorriso quando nos deitamos juntas, quando discutimos e nos perdemos em nossas próprias implicâncias tolas e fúteis, quando me deixa sem graça e quando o fica também, quando me tem, quando faz os piores trocadilhos do mundo que soam como os elogios mais doces...  Quando acorda ao meu lado, com aqueles olhinhos fechados e aquele rouco “bom dia benzinho” dito baixinho com todo sono do mundo.
 Ela me tem de uma maneira que eu nunca deduzi que teria, e o sorriso dela me prende da forma mais sutil e forte que poderia. Voluntariamente, por puro encanto.
 O fato é que todo mundo gosta de pitanga. Eu não gosto de comer pitanga. Eu gosto de vê-la sorrir e gosto de saber que eu sou o motivo daquele sorriso. Eu não gosto de pitanga.
 Ela gosta de pitangas...
 (E eu gosto dela!).


Por Helena Malaquias

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

De Dentro pra Fora



"...Pois bem, você vai aprender a me respeitar porque eu não sou moleque e nem te dou esse tipo de liberda... Ei, quem é essa simpática”. Paro por um momento para entender onde estou, como de costume, estava perdido nas minhas situações ideais. Eu já estava a algumas paradas mirando para um mesmo ponto, mas na verdade eu estava longe. Estava em um diálogo caloroso, gesticulando discreto, mas com fervor de quem fala o que pensa. Enquanto pensa. Noto que o ponto em que eu fitava na verdade a algum tempo já não está mais vazio.
“Eu não te conheço, mas poderia...”, há que mentira, a quem eu quero enganar, eu já nem consigo pensar direito, quem dirá pronunciar algo pra lhe chamar a atenção. “Chamar a atenção pra que, eu tô aqui olhando pra cara dela vai fazer um tempo...”, isso é verdade, eu estava fixado no rosto dela, sem reparar nisso. E a medida que o minha proclamação prosseguiu, junto com meu caminho, ela me notou e agora me sorri com ares de simpatia.
"Mas que ideia, se olha e pensa ”, quem em sã consciência perderia tempo de vida tentando falar comigo. Eu estava falando comigo, na ausência de alguém que o fizesse ”por que cargas d’agua ela perderia a oportunidade de ouvir suas músicas para falar comigo, “Mas e se ela falasse”, suponhamos que por ventura ela esteja tentando fazer contato, observe-a bem, “parece-me bem decidida, parece que faz coisas importantes” suponho até que esteja indo para o trabalho e eu, “eu tô indo pra universidade para”, ora, com essa cara de pau, vai falar que isso é lá algo importante, você entrou na segunda chamada. Isso eu não posso negar, e mais, meu histórico não deixa dúvidas de que esse é potencialmente o meu futuro novo fracasso, há, que bela piada eu sou. Não, não é um fracasso não! Mas claro que é, cair na real é o que me falta, eu nem tenho nada de útil a oferecer pra alguém tão importante como ela. Mas claro, ela desceu a um ponto atrás... Que? Sim, Como eu não vi. Não vi nem pra que lado ela foi, nem sei se respondi seu sorriso, tudo que eu sei é que... tá na hora de descer".




Por Lobo

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Jardins Suspensos


- Vai! Um sorriso bem bonito!

- Eu não sei.

- Não sabe o quê?

- Não sei sorrir - diz ele envergonhado. Afinal, sorrir para alguém é fácil. Difícil é sorrir para quem você gosta.

O espanto recai sobre essa morena, toda vestida de branco, e embaralha seus negros e belos cabelos semelhantes a um caracol. Um lugar úmido, porém aconchegante. Assim é o lugar, a praça, onde estão a sós. Ele e Ela. Duas almas perdidas, que se entreolharam a duas semanas num velho parque de diversões - algo atípico, principalmente pelo fato de ela ter 26 anos (atípico, pois estava sozinha!) e ele pouco mais que isso. Essa frase, "não sei sorrir", jamais foi ouvida por ela. "Por que uma pessoa nunca sorriu?"
- Bem, complementa o rapaz, eu já sorri. Mas não é uma coisa que eu goste muito de fazer (o que realmente quis dizer: - Não consigo sorrir normalmente para quem eu amo!)
- Infelizmente, se você realmente quer tentar algo comigo, você precisa sorrir... E quem sabe não acontece algo a mais?
Pronto, sorriu. Sem nem titubear, ou vacilar, ou pensar. Falou em beijo, com ele, não tem nem papo. Come até o pão que o diabo amassou por isso. E ao ver aquele sorriso semi-branco, com um frescor semelhante aos Jardins Suspensos num dia de chuva, com aquela terra molhada, que entra sem pedir licença, que apenas entra, e te molha, e te arde, e te aflora, e te gane, e te chama, e te mata, e te sufoca de tão bom que é, ela apenas chega mais perto; e mais perto; e ainda mais perto, até mesmo na condição de ver os olhos castanhos-amarelados dele, como um outono novo e velho ao mesmo tempo. E, quando paira a vontade, a ilusão, a decência de descer-lhe um beijo ácido, voraz, perigoso e esbaforante, olha para o canino superior esquerdo do semi-amante. Tenta, e tenta, e teima, mas não consegue. É superior a ela. É maior do que o desejo do beijo. E em um semi-ultra-mega-hiper-rápido microssegundo, ela fala, já pondo-lhe os dedos por sobre os lábios.
- Meu Deus! Que tártaro terrível!! Isso que dá se apaixonar perdidamente por uma dentista.


Por Humbert IV

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

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O Sorriso Dela


Vivo sujeito a uma angulação bem específica. Uma conformação de linhas e traços, entrecortados, que parecem calculada e minuciosamente arranjados para me trazer sofreguidão e sofrimento. Vivo nessa claustrofobia, fechado em seis planos e em três dimensões. Vejo carros passarem, fumaças verterem. Acompanho o Sol e a Lua, e a luz deles não me injetam a alegria, não me fotossíntetizam.
Vivo atrasado no tempo, embora sempre chegue adiantado. Vivo morto de fome, embora a angústia me faça comer mais do que deveria para manter um nível razoável de saturação lipídica no coração.
Tenho que me preocupar com o coração. Sou ansioso. Não, fui-me feito assim. Este maldito desenho, estreito, cor de pele, bem específico, logrou-me este despeitado estado de espírito que colou e não me deixa.
- Ah, maldito seja Deus! Pintou coisa tão...tão... Maldito seja. – E como um pêndulo, minha cabeça pende, negativamente.
A bem da verdade, não é a geometria do desenho que desafia a minha existência. É a falta dele. E o resquício que sua presença deixa na minha memória.
- Eu queria não ser capaz de lembrar das coisas. – Talvez assim me curasse.
Foi numa manhã como qualquer outra. Exceto pelo fato de ter sido completamente diferente. E, na verdade, não sei ao certo se foi de manhã, tendo em vista que passava do meio –dia. Bem, foi numa instância inter-matinal-vespertina. Foi no período de “kilo”, pós-almoço. No período da tristeza sonífera, naquele momento em que se quer tudo, menos tudo, a exceção de tirar uma soneca bem babenta.
Estava sentado, remoendo uma refeição mal feita, de tempero duvidoso, e preço que fazia meu bolso sentir fome.
Eu lia.
Qualquer coisa.
Lia sem ler, correndo palavras que não se articulavam em significados. Um desafio à semiótica.
Eu, exatamente, perambulava por parágrafos só pelo bem-estar de me esquecer de mim. E me lembro, que naquela época, eu me sentia confortável com isso.
Realmente confortável.
Daí, por razões que o Universo desconhece e as constelações conspiram em atávica e diabresca diversão. Sinto uma presença, um ponto de gravidade densificando-se no meu hemisfério esquerdo, e um cheiro gostoso, e um cruzar de pernas longilíneas, e...
E...
E para aumentar ainda mais esta conformação entrópica e estranha, e irregular, e indescritivelmente significativa, que Einstein, Galileu e Pitágoras falhariam em formular concretamente. Ocorreu uma explosão, um “Big-Bang” existencial, uma falha quântica, um Dejà-vu, algo para o qual desembocaram todos os meus passos e palavras não lidas, e para os quais todos os outros atos se projetariam dali em diante.
- Oi, ... – As reticências são meu nome, o qual não ouso repetir, e se repito, não sinto que haja dignidade, porque não é dito da mesma forma que naquela ocasião.
E, após isso...
A tal conformação geométrica, angular, descontínua, desenhado pelo mesmo traço que colocou Órion, Andrômeda e o Cruzeiro do Sul no firmamento.
Ali estava.
O sorriso dela.



Por Matheus Queiroz


domingo, 24 de novembro de 2013

Sorrisos


(Só) riso
Riso só
Riso

Sorriso
Som (riso)
Só (solidão) Sorrisão.

Ele vem sem pedir permissão, nos toma o rosto, revela covinhas, brilho nos olhos, sons de gargalhadas. Pode ser silencioso, daqueles de canto de boca, que surgem num encontro a dois, numa mesa, com o queixo apoiado pela palma da mão.
Pode "chegar chegando", levando embora o fôlego, o tônus muscular, as palavras.
E quando ele chega depois de desmoronarmos, ofegantes, na cama, ao lado "daquela" pessoa? Ahhh, é bom demais!!
Há, também, vezes em que ele vem acompanhado por lágrimas, que expressam o êxtase, o ápice da felicidade e da emoção, que acaba por não caber no peito e escorrer pelos olhos.

É tema de músicas, sinônimo de paz, de harmonia, de felicidade, mas... Quantas e quantas vezes, não sorrimos para disfarçar nossa tristeza? Quantos dias não passamos com Ele no rosto, e, ao chegarmos em casa, no aconchego e silêncio de nossos travesseiros, desmoronamos, somos completamente tomados pelas lágrimas e aflições que a vida acaba por nos trazer? Nessas horas, as memórias que ficaram gravadas em nossas mentes e corações, onde o sorriso marcou presença, se tornam cada vez mais intensas e dolorosas.
Mas, tentemos ver o lado bom: Quando conseguimos superar essas dores trazidas pelas memórias de momentos felizes que se foram, o sorriso volta à nossa face, intenso, brincalhão e iluminado!!

Que tal paramos para pensar nos diferentes tipos de sorrisos e nas coisas que eles são capazes de revelar?
Tímidos, escandalosos, sarcásticos, sedutores, banguelos, "de comerciais de pasta de dente", de aparelho ortodôntico, de chupeta, com barba, sem barba, com batom, com gloss, com salsinha entre os dentes... Sorrisos são sempre sorrisos, e sempre são altamente contagiosos, principalmente quando vêm acompanhados daquela gargalhada deliciosa e alta, que é impossível simplesmente manter a "pose".
O mundo precisa de mais sorrisos, de mais gente que dê maior importância ao momento do que à estética!
Vamos sorrir, gente!! Vamos viver os momentos.

Encarar a vida, é, de fato uma tarefa muito complicada, mas, garanto que, com uma bela dose de alegria recheada de sorrisos, fica mais leve, mais divertido, mais gostoso!

Espero, queridos leitores, ter conseguido deixar com vocês, nessa minha primeira semana, uma mensagem boa, que os conforte e os faça voltarem mais e mais vezes, acompanhar meus textos e se sentirem parte deles!





Por Gabriela Frota