sábado, 11 de janeiro de 2014

MUDANÇA

Engraçado é quando você nota que
Cada chão pisado,
Cada palavra dita,
Cada nota tocada,
Se torna um nada.

A vida muda,
O vento muda,
O tempo muda.
E quem sou eu para reclamar disso?
Sou apenas mais uma das metamorfoses ambulantes.

O problema é a pressa da mudança,
Que não pede licença nem permissão.
Vai assim, trocando tudo de lugar.
Nos deixando sem estrutura,
Sem nos dar tempo para pensar.

Então notamos que tudo mudou quando vemos um jardim florir.


Por Matheus Schneider

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Evolua.


Lá se foi mais um ano... se eu pudesse lhe dar apenas um conselho para 2014, este seria..

Evolua.

Nosso ciclo é praticamente nascer, evoluir e morrer, então se você já nasceu e ainda não morreu siga meu conselho; evolua.
Aproveite este novo período para fazer aquilo que realmente deseja. Ame. Acima de tudo e de todos e espalhe o seu amor da maior e melhor forma que conseguir. Viaje. Descubra os mais bonitos, os mais estranhos, exóticos, mais agradáveis ou até os mais feios lugares do seu país. Leia. Desde Tolstói até John Green e não deixe a literatura nacional ficar para trás, leia as revistas e os jornais, artigos e postagens, leia para seu filho, sobrinho, vizinho ou até a sua vozinha. Explore o que há de melhor e mais simples em cada momento, assista o pôr do sol e contemple o que há de mais singelo na chuva que cai de madrugada ou ao final da tarde. Visite ao menos uma vez esse ano uma cachoeira e sinta a sensação de liberdade que ela e todo o ambiente em volta irá lhe proporcionar. Sinta. Explore toda forma de sentir física e psicológica que há, se emocione, se enfureça, se entristeça mas ao fim de tudo isso sinta-se feliz e pense que estar vivo basta para saciar essa tal felicidade. Adote um animal, não o compre (é sério), adote, converse com ele, trate-o com carinho e o ame como a si mesmo. Seja gentil. Utilize todas as palavras de cumprimento e agradecimento que aprendemos no jardim de infância, mesmo que tais gentilezas não sejam retribuídas. Valorize seus pais, pois chegará o dia em que você olhará para as rugas deles e perceberá que muitas delas foram linhas formadas de preocupação com você. Fuja da rotina. Mude seu caminho, ande a pé ao invés de andar de ônibus ou metrô, vá ao cinema, teatros, parques, faça campeonatos de quem come Tic-Tac mais rápido, acorde cedo no domingo e faça um almoço diferente, dê um beijo bem apertado em sua mãe e assim que levantar abra a janela e contemple o céu sem essa frescura de que a luz do Sol vai ofuscar sua visão. Aprenda a contemplar. Tudo é motivo de contemplação, seja a beleza de uma florzinha ou até o trânsito movimentado daquele dia. Viva, pois ao final acabaremos deitados dentro de um caixão tendo somente a morte como companheira.
2014 está ai e se seus principais planos para este ano são arrumar um emprego, subir de cargo, encontrar um(a) namorado(a), emagrecer 10 quilos ou engordar 5 quilos, ir à academia ou comprar aquele smartphone novo aqui vai novamente o meu conselho... evolua!

Por Beatriz Bicalho

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

2014 será bom, pra NÓS

O que mudou não foi minha recente capacidade de subir em árvores, não foi o cabelo que comecei a deixar crescer, não foi a maquiagem de escanteio e muito menos o comportamento boêmio que abandonei. O que mudou não foi um grupo de tolices e superficialidades. E essa mudança não foi em mim. A mudança foi na maneira como eu vejo você. Seus olhos poderiam ser apenas mais um par comum de olhos castanhos, mas não são, é o SEU castanho e nenhum outro tom será meramente semelhante. A chuva é apenas chuva, mas a sua companhia em todo dia de tempestade vão sempre transformar aquelas gotas de água em saudade de você. Você me disse que estando longe me faria te esquecer logo. A mudança, hoje, benzinho... É que você não é mais apenas uma garota. Você não é um objeto de decoração no meu quarto, não é um rosto no trabalho. Você não é uma árvore no caminho de ida e certamente não é apenas uma ausência no de volta. Você não é o pé de pitanga, não é a chuva, não é um livro, não é uma colega, não é um filme, não é uma cidade, não é uma moto, não é uma camisa no armário. Você não é uma memória imposta por lugares ou objetos físicos. A mudança deste ano foi que você se mudou do mundo para dentro do meu coração, e de lá você não vai sair, estará sempre comigo e sempre em minha mente, quer eu queira ou não. Você foi a mudança. Você é uma mudança. Você é o meu nascer de sol mais bonito e não apenas uma companhia nele. A mudança, benzinho... É que você se tornou a beleza que eu vejo no mundo. A mudança é que hoje eu não consigo mais tirar você do pensamento, pois permiti que você fizesse dele o seu lar.

Por Helena Malaquias

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

O que uma tarde sozinho é capaz de fazer

Fazer diferente tem sido meu sacrifício diário. Não por ter que me desdobrar, essa parte me gratifica -abro a geladeira, busco algo para beber, em vão- o problema é quem sou. Eu sinto que a luta é mais ferrenha porque eu tenho que trava-la comigo mesmo –caminho lentamente para a varanda, vejamos o pôr-do-sol - é bem verdade que me impus não ser um lixo. O que há de importante nisso é o fato que –li uma vez que o cérebro pode ser um dos mais bem sucedidos parasitas- percebo que meu corpo me denuncia, me contradiz. O fato é que eu sei o que é certo, sei que não devo me importar com o que os outros pensam, entretanto sinto urgir a necessidade de perder 10 quilos. Sei que não tenho o melhor gosto musical do planeta, entretanto mecanicamente meu braço “escorre” do botão de ligar e em sua queda despropositada aumenta insanamente o volume. Eis que é verdade que eu não quero parecer de maneira alguma melhor que ninguém – preciso regar as plantas da varanda- mas me esforço para ter a pronuncia correta em inglês e evidenciar o fato de que apendi sozinho.
Diariamente eu me sinto atônito com as escolhas que fazem a minha volta. Eu não sei de nada, nem bem sei gramática, quem dirá escrever. No entanto estou consciente que o que eu aprendo, o que me falam, o que vejo, tudo é uma lição. Mais ainda, posto que eu aprendi, eu tenho o dever moral de aplicar o conhecimento quando for necessário, e se possível passa-lo para frente sempre que solicitado. O que há de difícil em “nadar contra a maré ”-vacilante vagueio pala casa, tocando os móveis, conferindo a mobília- é tão difícil mudar? Penso que a vida tenha se tornado monótona por comodidade, repetir dá certeza de resultados.
Deixar para traz algo que nos agrada é onde complica –encontrei uma caixa com objetos que guardo, e que já devia ter jogado fora- Eu conheço isso, estou certo do resultado que me trará, mas se é tudo tão bom, porque eu precisaria me desfazer dessas coisas? “Não adianta esperar resultados diferentes se sempre fazemos as mesmas coisas” se bem me lembro foi isso que ele me ensinou. É bem verdade que eu achava os métodos dele bem exagerados –sinto-me inquieto com essas coisas espalhadas, me levanto e volto a caminhar pelos cômodos sem vida-. O que me impedia de confronta-lo e dizer “Ei, por que diabos você precisa fazer comentários tão apelativos para atingir a turma? ”, é, ele tentava sempre chocar meus colegas dizendo coisas fora do comum, nenhuma delas mentira, isso não posso negar. Eu acho eu gostava daquilo. Ele tinha entre suas técnicas de lecionar, atitudes chocantes que beiravam a bipolaridade, entretanto ao que pude perceber, era parte do show, e eu ia pronto para absorver tudo a minha volta. Não sou de conversar muito quando não tenho intimidades. Nesse caso agucei-me a ficar na minha, tentando ser externo, não para me afastar, não, mas para estar completamente presente. Sentia que se eu participasse dos debates, e desse minhas opiniões, eu perderia detalhes das dos outros. Esse foi meu desafio.
Sinto-me divertido ao debater com alguém que sabe argumentar, que tenha opinião. Mas minha omissão deu frutos que preso bastante. Pude ver o que cada um fez, como cada um reagia ao se chocar com o professor “fora do comum”, pude, disso não me orgulho, classifica-los quanto a vivencia e habilidades, e assim escolhi os que queria para mim, os que eu queria por perto. O fato é que ele, em meio as suas lições a “pauladas” ele nos ensinou muita coisa incrível sobre a vida e sobre nós mesmos. E não, eu não passei desapercebido, ele me achou, me testou e me qualificou, tal qual ele fez com todos, embora comigo a abordagem tenha sido diferente.
Eu sou um escravo de mim mesmo e nessa situação eu percebi que eu sou um monstro. Mais ainda, sei que todos somos, camuflados em nós mesmos, com sutis trejeitos moldamos cada relação para que ela seja conivente a nosso modo de pensar. Sim, tratamos diferente cada pessoa –abro a geladeira em busca de algo para beber, em vão- mudamos o tempo todo. A monotonia é uma ilusão bem bolada. Temos a mania de acreditar que a sucessão de eventos lhes confere uma forma de conexão, ao jogarmos um temos a necessidade de prever o resultado a medida que se acumulam lançamentos, os resultados perecem se agrupar de maneira conhecida.
A verdade é que eu acho que sei o que eu tenho que fazer. Sei que tenho que parar de me isolar, sei que tenho que sorrir mais, e que tenho que evitar as ironias, pelo menos ao primeiro encontro. Me sinto desconfortável sendo assim, este não sou eu, mas concordo que se eu for quem eu quero ser, eu vou continuar falando besteiras a mim mesmo num domingo atarde em voz alta.

Por Leonardo Leite

Pamukkale e Machu Picchu

Namorar, emagrecer, ser independente, parar de fumar, de beber, de roer unhas, largar o futebol, e lógico, emagrecer ainda mais. O que tudo isso tem em comum? Metas. Todas são metas, focos, objetivos. Desafios que poderão se tornar reais, desde que o esforço se sobressaia.
2014 para os cristãos, 4711 para os chineses, 5775 para os judeus, 1392 para os muçulmanos e 2556 para os budistas. Nem todas as pessoas comemoram no mesmo dia o “Ano-Novo”. Eu comemoro em dezembro, outros em março, e assim sucessivamente. Porém, todas elas têm seus sonhos, suas vontades. E é por isso que o Ano-Novo é tão especial. Aquilo não feito em um ano poderá ser feito no outro. Põe-se aspas, por favor, nesse não feito aqui em cima. Até porque o porquê desse por quê... não, espera um minutinho. Confundi tudo, isso que dá conversar toda hora na aula de português. Quem sabe ano que vem eu estudo mai.... Opaaa, é isso que eu queria te falar, leitor. Esse negócio de ficar deixando pra lá, e/ou para depois, não tá com nada, viu?
Se você quer pular de paraquedas, ou beijar alguém, ou viajar para Pamukkale e Machu Picchu, vá. Explore. Viva. Gaste aquele dinheirinho para algo bom, algo que vá lhe valer a pena, que você terá orgulho de dizer para todo mundo que você fez. Abrace seu irmão, seu amigo, sua mãe e seu pai, agradeça ao seu deus, a sua divindade, pela sua casa, pela sua família, pela sua comida, pela suas amizades, pela sua vida. Faça de 2014 O ano. O Melhor Ano. Vire uma borboleta. Saia do seu casulo, e entre com tudo, voando e fazendo a alegria das pessoas.
Mude, Recomece, Sinta, Fale, Grite. Mostre que você pode Se mudar. A si mesmo. Afinal, o primeiro a mudar o mundo deve ser você mesmo.

Por Pablo Heringer Brandão

Pituco

 Pituco estava desconsolado, me olhava de soslaio, com o cantinho do olho redondinho, bem pretinho, bem caladinho, bem tremidinho, ali no cantinho da sala.
 O rabinho dançava enérgico, rápido, pra-lá, pra-cá, pra-lá, pra-cá, pra-lá, certo, você já entendeu...
De vez em quando soltava um gemidinho, um grunhido carregado de toda a dor do mundo, “rwoooon”, e seu corpo esquelético vibrava, parecendo que ia se despedaçar, como se estivesse exposto ao frio dos polos.
 Estava sentado em cima das bolinhas, dava dor de ver. É, das bolinhas mesmo. É, essas mesmo. Acho que estava se auto-mutilando, queria descarregar as angústias pelo desconforto no testículo. Porque realmente, devia estar insuportável.
 Ele latiu.
 - Calma Pituco, calma!
 Ele latiu de novo, fingindo que não me entendia.
 As orelhinhas, com as veias saltando, retorcidas para baixo, o rabinho entre as pernas, aquele olhinho pretinho vertendo lágrimas. As costelinhas saltando do tórax lânguido mostrando toda a robustez do corpinho de 5 quilos.
 - Ah, Pituco, não fica assim!
 Ele chorou, naquele cantinho, entocado, suspirando.
 Pituco havia perdido seu grande amor. Um travesseiro velho, que dei de presente quando ele era filhotinho. No início eles dormiam juntos. Depois a relação foi se complicando e Pituco jogava o travesseiro com força para tudo quanto é lado. Depois, a relação se aprofundou e Pituco e o travesseiro transaram muitas vezes. Um dia, no entanto, o travesseiro havia cedido, rasgando-se duma ponta à outra.
 As coisas são assim Pituco, um dia você tem o travesseiro, um dia você está no canto tremendo. Mas o travesseiro não foi embora, não. Ele te mudou, você é o Pituco-que-já-teve-o-travesseiro. Amanhã, não se sabe. Você pode ser o Pituco que caiu do caminhão de mudanças...


Por Matheus Queiroz