quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Meu Querido Amigo





São Paulo, 17 de fevereiro de 2014

Meu querido amigo,

Se me perguntares neste exato momento o porquê de eu estar lhe escrevendo, mesmo depois de tudo o que vivemos e do fim que levou nossa doce amizade, entrarei em meus devaneios psicóticos em meio as minhas lembranças e seria até capaz de gritar em frente a teu semblante que é por saudade. Sinto sua falta como uma abelha sente vontade de sugar um último vestígio de mel da mais bela flor vinda de sua última lembrança à beira da morte. Mas se eu tiver que lhe responder, então direi apenas que não sei.
Com um pouco de frequência me pego imaginando como estariam as coisas se ainda nos falássemos e nos víssemos. Mas após esses meus pensamentos retorno à minha realidade e reaprendo a lidar com a situação da perda. Com o tempo eu acabei me acostumando a ignorar muitas das coisas que te traziam de volta às minhas lembranças e meu coração já não pulsa fortemente como costumava acontecer. E me acostumei. Quero acreditar que a separação é apenas uma fase pela qual todos nós devemos passar e, em seguida, pular para o próximo estágio da vida. Então é assim que as coisas são, pois é assim que acredito que elas sejam.
Entenda claramente que acabou, por motivos óbvios ou não, já não importa mais. O que importa é que para mim você foi real, mesmo com todos ao meu redor concordando com o princípio da sua não existência e meu analista me convencendo, em partes, que preciso cuidar da minha saúde mental e você era o motivo de toda essa doença. Se houvesse alguma possibilidade qualquer de tornar tudo isso real tenha a certeza de que eu engoliria esta possibilidade, mas por enquanto deixo estas palavras no túmulo que construímos de tudo o que fizemos. Vem-me à cabeça a possibilidade de uma conexão entre o mundo real e o imaginário de tal forma que faça sentido eu dizer que se eu soubesse que aquela teria sido a última vez, eu teria lhe abraçado mais forte.

É dessa forma que me despeço.

Adeus. Se cuida.

Sua amiga.
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Por Beatriz Bicalho
                                                                                                                                      

Vida Social





Um quieto
Dois quietos
Três quietos
Quatro, cinco, 
Cem, mil,
Cem mil
Sem cara
Todos os indivíduos
Quietos, todos olhando para
Seus tablets, celulares e computadores
Engordando, separ-
ando, humilhando,
bebendo refri
cer Veja
Excrevemdo errradu
Sem baruuuuuuuuuuuuuuulho, sem t r á f e g o
sem parada, sem nada
apenas um silêncio mortal, chato, agonizante, perturbador, ridículo
de Quem não faz nada
apenas olha pra uma máquina
Restam aos Loucos - como talvez eu e você -
Duas opções:
Ou nos adequamos a essa vida - ou morte - social
Ou então
Simplesmentemente, 
Apertamos o botão de desligar.


Por Por Humberto IV

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

10 caricaturas de grandes escritores

J. R. R. Tolkien

Edgar Allan Poe

Franz Kafka

Machado de Assis


H. P. Lovecraft


Stephen King

Douglas Adams


Carlos Drummond de Andrade

Clarice Lispector

William Shakespeare




sábado, 8 de fevereiro de 2014

Delíbero que a vida seja brincar com joaninhas na grama




Pensar na vida é algo que eu faço com frequência. Algo como caminhar ou um bom copo de café (e eu gosto muito de café) estimulam uma região do meu cérebro. Posto que não é comum encontrar gente disposta e capacitada (minha ignorância me cega) a discutir comigo, tornei-me múltiplo, cada um com um ponto de vista distinto. O número de personas aumenta a medida que sou capaz de refutar um mesmo assunto de maneira diferente.
Há algum tempo então conclui que os laços que nos atam a vida são muito frágeis, temos tantos defeitos e deficiências que é até fácil compreender o apego ao místico. Diferente do que possa parecer, eu não nego nem afirmo a existência de uma força motora una e indubitável, no entanto a sua importância como moderador de ações é importante ao meu ponto de vista. Eis a questão. O importante é como agimos uns com os outros e não o porquê de o fazermos, correta ou erroneamente. Por amor se cometeram os crimes mais hediondos e as maiores traições (como dito por Maquiavel) entretanto por ódio, tais crimes, também ocorreram, nem mais amenos ou brutais, mas tão intensos quanto. Tais crimes não estão justificados em crenças, mas em condutas desviadas.
A ética outorgada por cada grupo é no mínimo projetada para garantir a sobrevivência do mesmo. Nesse percurso é que os preceitos lindos pregados pelo messias se perderam como se perde o parafuso perfeito entre todos os outros inúteis que estão na caixa de ferragens empoeirada na garagem. Já que foi possível deturpar tais conceitos, seria possível então purifica-los novamente pela mesma ferramenta? Em tese sim, no entanto essa crença é também a perdição, ou uma das que leva as aglomerações fervorosas ao mesmo fim decadente. Abnega-se a razão em detrimento do grupo, e da perpetuação daquela moral. Assim os preceitos perfeitos não são mais o que te fazem estar ali naquela ceita, mas o fato de que você pertence aquela ceita. Ali você tem amor.
Outro fato que concluí é que o fato de sermos seres racionais é na verdade um dos nossos maiores castigos. A urgência que as coisas têm de uma definição foi a maior praga que já nos afligiu. Veja, primeiro somos capazes de nos reconhecer, temos consciência de que existimos e que o mundo a nossa volta nos causa certas impressões. Tais impressões têm padrões distintos de maneira que fomos capazes de qualifica-los em grupos, os sentidos. Entretanto, somos capazes de simular impressões e de gerar estímulo que não tem necessariamente a ver com o mundo a nossa volta, posto que isso não pode ser um sentido, alguém propôs que se tratasse de sentimentos. Sim, a meu ver essas coisas que nos fazem não poder viver sem uma pessoa, ou não poder compartilhar a mesma galáxia com outras, é puramente virtual. Mas com isso não quero garantir que isso não seja importante, muito pelo contrário, isso faz com que sejamos capazes de determinar o que somos, - o que na minha opinião é- a união de todas essas experiências. Já que nos desenvolvemos por podermos virtualizar tais sentimentos, eles são de fato fatores deliberantes em nosso "sucesso" enquanto raça.
Com essas cheguei a uma terceira conclusão. A têm-me compelido a tecer tais teorias faz de mim tão humano e sentimental quanto qualquer outro. Cada um de nos tem a sua própria forma de adorar a própria existência, e de permeá-la com existências que lhe são queridas. A grande beleza nisso tudo está em tecer essas teias, está e conhecer e conviver, estabelecer esses vínculos. A maravilha da vida está em amar, considerar alguém. Note que para mim o amor é tanto exageradamente positivo quanto plenamente negativo, e assim por termos sido ensinados que amor é só coisa boa, demos o nome de ódio, no entanto trata-se de um mesmo sentimento em duas facetas. Sentir os cheiros, pisar nas superfícies, tocar os cabelos e saborear o que há são o que faz valer a pena. E se por saber que a cada instante algo plenamente novo pode surgir, você quer perder o esplendor da novidade?

Leonardo Leite.